A palavra de Deus deste domingo vem nos
mostrar a vida humana imersa nas realidades
temporais. O livro do Eclesiastes questiona a
correria diária em prol do acúmulo que sempre
fica para o herdeiro que nada esforçou-se por
tais bens adquiridos com tanto suor. Qual o
sentido do trabalho de sol a sol, a ponto de
levar as preocupações do trabalho para o leito
e não conseguir repousar? Ao olhar esse texto,
parece-nos que foi escrito para nós, que vivemos
no século XXI imersos nas mesmas questões.
Jesus, ao ter interpelado por alguém da multidão
preocupado com questões de herança, respode
com firmeza, alertando para o perigo que a ganancia
pode trazer àqueles que pensam que é no acumulo de
bens que consiste a vida de uma pessoa.
A parábula com a qual Jesus finaliza essa exortação
não que ir contra o trabalho e a reserva necessária
para a subsistência. Mas o enfoque está na ganancia
de ter sempre mais e não partilhar do fruto do trabalho.
Jesus chama o homem da parábula de louco, pois não se
preocupa com a dimensão espiritual da vida que o levaria
a partilhar e a pôr a segurança em Deus, e não nos bens.
Vivemos numa sociedade capitalista. Quem tem poder
aquisitivo, sempre busca acumular mais. Para aqueles
que vivem a margem do sistema, resta a luta incansavel
e estressante para ter o mínimo necessário para a subsistência.
Em ambos os casos a vida perde o verdadeiro sentido. Os que
tem não partilham; os que não tem gastam suas vidas tentando
se sustentar no trabalho de sol a sol, sem ter o que deixar para
os seus descendentes.
Paulo nos convoca a ver a realidade a partir de Cristo, o Novo
Homem que venceu a exploração para implantar o reino de Deus
que promove a justiça. deixar o homem velho para reverti-se do
homem novo significa mudar radicalmente o modo de relacionar-se
na Comunidade, sem descriminação e apego aos caprichos que
trazemos no coração.
Revistamo-nos do Homem Novo, Jesus de Nazaré! Ele nos ensina
a nos colocarmos nas mãos do Pai para vivermos essa vida na partilha
e na união, sem se deixar levar pela ganancia que nos cega, impedindo-
nos de conviver como irmãos.
(Pe. Anísio Tavares)
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